O EMAÚS
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GRANDE COLETA 2019
RUMO AOS 50 ANOS: NENHUM DIREITO A MENOS!
O ano é 1970, um dos períodos mais violentos do cenário político da história do Brasil, marcado também por crises econômicas em todo o mundo e que ecoam na Amazônia como um golpe para exportar as riquezas naturais deste chão em nome de um “progresso” que não compreende a realidade dos índios, quilombolas, ribeirinhos e todos os povos tradicionais que já a ocupavam há décadas.
O local é Belém do Pará, a capital que ainda respirava a riqueza europeia trazida pelo ouro e pela borracha, apesar de sentir as perdas de duas recentes guerras mundiais e do grande número de vidas ceifadas.
Os personagens são crianças, adolescentes, jovens e o padre salesiano, que ousaram ver além do horizonte da baía do Guajará um futuro de dignidade para aqueles pequenos que viviam pelas ruas ou trabalhando duro para saciar a fome, muitas vezes de toda a família.
Assim começa a se delinear um enredo de uma história que, hoje se aproxima de meio século, da luta por direitos e por justiça por um grupo de jovens que hoje se multiplica por centenas de pessoas de todas as idades que se associam solidariamente buscando o objetivo comum de um mundo mais fraterno, no qual os direitos “à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária” (*) sejam realidade.
E no ir e devir da história, tantos sorrisos e lágrimas passaram e passam por este chão que hoje se misturam com o ser Belém, ser Pará, ser Amazônia e ser Brasil. E constantemente se é desafiado por esse futuro ainda tão misterioso, que se apresenta ainda tão agressivo com aqueles meninos e meninas mais violados em seus direitos humanos fundamentais que custam a acreditar que um outro mundo é possível.
Eis o desafio dos próximos (50) anos: construir do ontem no hoje a transformação dessa realidade ainda tão dura e egoísta, com as corajosas armas do Amor fraterno e da solidariedade no dia-a-dia, renovando este chão tão marcado pelo vermelho-sangue do extermínio da nossa juventude amazônica, em suas várias formas violentas que são, de fato, muito mais do que o disparar de um gatilho.
E mais uma vez este Movimento de jovens corações vem às ruas levar essa proposta corajosa e urgente de reciclar o que já não mais edifica, mas apenas ocupa espaços desnecessários em nossas casas, ruas e comunidades, assim como em nossas vidas e relações.
Sigamos, juntos, rumo aos 50 anos de construção cotidiana de uma solidariedade que transforma!
* Art. 4 do Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8069/90